"O bom é ser inteligente e não entender. É uma bênção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."
Clarice Lispector

outubro 09, 2009

Reflexo

    Perco grande parte da vida me preocupando com bobagens. Estranho descobrir que tanto tempo foi perdido num medo baseado em fatos que já se foram e não têm que gerar emoções repetidas. Prisão baseada na expectativa de um passado reprisado? Bobagem! Sentimentos e emoções não ficam guardados em estoque, nascem em todos os segundos da vida, inesperados e desconhecidos. Pensando bem, eu não tenho medo do desconhecido, nunca tive, não muito. Meu medo é sempre de algo recorrente. Ah, e morro de medo do tédio. Tédio de não ser útil para a minha vida, de ser qualquer coisa que adormeceu representando um papel que criaram para mim, qualquer coisa meio morta que vai se ajustando de acordo com desejos que em nada são meus, são estranhos, exteriores, e não significam nada. Morro de medo de não ser nada além de um reflexo.


Um comentário:

Anônimo disse...

Achei esse texto a minha cara, um pedaço dele, mais especificamente. Adorei!! É velho, mas não tinha lido ainda rsrsrs e aliás todos estão ótimos, só comentei nesse pq realmente me identifiquei muito com algumas coisas que tenho pensado ultimamente rs.

Amo vc!

Natássia