"O bom é ser inteligente e não entender. É uma bênção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."
Clarice Lispector

novembro 29, 2013

Encontro

Vi carinho e malícia no olhar
E o ouvir você falar
Fez o vento, num descuido de instante,
Deixar cores no som pelo ar.

Pluma tocando o meu rosto
Num som de entender pressuposto
Em que pude saber do seu toque,
Pelo simples ouvir do seu gosto.

Me tocou um nunca esquecer,
Abraço de sol ao anoitecer,
Abismo de sonho e desejos
Onde o vício, e a arte, é querer.


4 comentários:

Anônimo disse...


Que linda viagem... este brincar com as palavras, misturando sentimentos, emoções e ações num balé místico! É isso é a mística de enxergar na sua escrita algo que causa uma admiração pela beleza da criação humana, do quanto pode a inteligência produzir quando se está inspirada... e que me faz vibrar na mesma sintonia do sentimento de suas palavras... Tive que serenar a mente para que meu diapasão interno entrasse na mesma frequência do verso, para entender a sutileza da pluma, nesta mescla de novas possibilidades sensoriais atribuída aos sentimentos... O último verso parece um Encontro que tive... Todos os elementos ali estão... mas o querer que ficou não é racional, passional ou sentimental... é um querer nem sei de quê! Acho que já sei! É um querer reencontrar... alguém que naquele Encontro meu íntimo reconheceu, sem saber onde e quando um dia encontrou... e que neste instante revivo.

Anônimo disse...

Havia algo além, oculto à minha compreensão... resolvi ler, reler, reler, reler... até que cheguei num ponto em que sai do campo do entendimento e passei para o da descoberta... como um investigador a decifrar um enigma.

Recordei cada detalhe do meu Encontro e fiz o exercício de associar o "timeline" dos acontecimentos com cada linha do poema... É como se eu fosse montando uma sequência de nucleotídeos numa molécula de DNA, onde tudo fosse se encaixando...

O carinho foi o primeiro impulso e depois a malícia que em algum instante inadvertidamente ficou exposta no olhar...
Seguiu-se uma agradável conversa que realmente foi um colorido para os ouvidos de nossos sentimentos...

A pluma do carinho suave pressupunha que algo muito bom estava por vir e o saber do toque por ouvir o gosto, estava na viagem da imaginação tentando associar o gosto a algo mais envolvente, ao que ela talvez não resistisse... porque seria um momento que extrapolaria qualquer outro similar, pois o sentimento havia ganhado uma dimensão sem par...

Um abraço de sol, foi o abraço que demos, onde o sentimento fluia iluminando o sol da sensibilidade... estava anoitecento, ou era uma noite clara, talvez pelo próprio brilho interno do sol que nos iluminava...

Abismo de sonho e desejos, talvez porque uma diferença tenha criado um verdadeiro abismo entre os sonhos e os desejos mútuos e o que restou foi um vício, que pela beleza se converte em arte de se querer algo improvável, mas o vício continua e a arte se renova, traduzindo-se em lindas exposições mentais que unem mentes que pensam e que se atraem.

Anônimo disse...

Hoje aconteceu um fato interessante...
Estava no dia seguinte ao Réveillon conversando com um rapaz novo, que lá estava com sua esposa e filho, sobre os cinco dias que passamos juntos, um grupo de 40 pessoas... foram momentos super agradáveis mas que poderiam ser melhores se eu estivesse acompanhado, mas da companhia certa, não sendo assim melhor seguir da forma como foi, só! Por opção consciente.
Num determinado momento passei o meu Face para ele... e quando ele leu a poesia do Encontro na minha página, ficou encantado... e eu fiquei impressionado com a sensibilidade dele com apenas 22 anos, um menino ainda, ficar tão tocado...
Resolvi contar para ele o Encontro que tive e ao final pedi para ele reler o poema... e ele ficou ainda mais impressionado com s beleza de tudo que leu e também teve a mesma certeza que eu...
Passa o tempo, passam pessoas por nós, mas algumas horas de nossas vidas parecem um "nunca esquecer"...
Não diria ser um vício, é quase, mas o que intriga é o enigma e às vezes a quase certeza de que um dia poderá ser...
Mas enquanto não é, segue a busca que parece não ter fim... novos ciclos começam e terminam, comecam e terminam e fica a dúvida se naquele Encontro não estaria um ciclo em que o círculo pudesse virar elipse?!
Em alguns destes fins de ciclo uma das partes parece querer desaparecer, mas aqui apesar de isto também ter acontecido houve um momento em que o querer tentar, parece ter resgatado o seu espaço em ambas as partes...
Mas a distância e a falta de contato geram dúvidas de se realmente é esta uma possibilidade factível, provável, viável?!
Mas independentemente de qualquer coisa, uma chance adicional para as partes, talvez fosse algo que a vida em sua sabedoria deveria no mínimo possibilitar...
Só para tirar esta dúvida... pode não ser nada disto... mas também pode ser tudo disto!

Anônimo disse...

Eu me sinto como se estivesse jogando uma partida de xadrez... joguei bastante quando era garoto, nunca fui nenhum Mequinho... nos campeonatos que disputei perdi quase todas! rsrsrs
Aqui é diferente... É um jogo de palavras e de estratégias mentais, é algo que me fascina e acho que também à minha oponente... Mas neste jogo não existem vencidos nem vencedores... O objetivo é promover o Encontro de rainha e rei de lados opostos!

Qual seria a reação de ambos? Será que ela se utilizaria da vantagem de poder realizar movimentos amplos em todas as direções? Ou ficaria estática em cheque por não ter para onde ir? Depende do contexto do jogo e da casa que ocupasse naquele momento.
E ele? Bem por ele posso responder! Acho que se olhasse nos olhos enigmáticos da rainha perderia toda sua estabilidade... se a rainha estivesse por demais próxima, talvez não resistisse e tombaria seu corpo e lábios em sua direção, num movimento que não existe no jogo, mas que se assemelharia a um cheque-mate.

Faço os movimentos com as palavras sem garantias do que se passa na mente e nas intenções de minha oponente, mas vou propor um movimento diferente, vou fazer uma pergunta e proponho como reposta uma ação!
Se existe o desejo de um novo Encontro publique esta mensagem na íntegra... de alguma forma conseguirei me comunicar... caso contrário poste somente os dois primeiros parágrafos ou simplesmente nada...
Se a opção for a desta última oração, minha leitura será precisa e a expressão escrita do meu pensar não estará mais presente... ficará sobrentendido: the game is over!!